Se eu fosse um poeta, caipira ou erudito
Eu agradeceria a Deus, com um poema tão bonito
Porem eu não sou poeta, não escrevo e não leio
Mas vou agradecer a si mesmo, da maneira que eu sei
Ó, meu Deus, muito obrigado
Por esse chão de cultura, também pelos vagalumes
Minha luz na noite escura e pelas aves canoras, borboletas multi cores
Sou feliz demais aqui meu Deus, no vale dos beija-flores
Aqui entre duas serras, as margens desse regato
Levanto cedo em meu rancho, sentindo o cheiro de mato
Aqui eu tenho de tudo, não saio a buscar riqueza
A semente que eu semeio, põe fartura em minha mesa
Ó meu Deus muito obrigado
Pelo pão de cada dia, pelo sol e pela chuva
Com que meu arroz porfia
Pelo doce meu de abelha, de variados sabores
Sou feliz demais aqui meu Deus, no vale dos beija-flores
Aqui neste paraíso, onde eu gosto de viver
Nada mais tenho a pedir, só tenho que agradecer
Por aqui não ter capela, lá vai eu rezar meu terço
Vou pra dentro de mim mesmo e de lá eu agradeço
Ó, meu Deus, muito obrigado
Por essa vida feliz, pela cura com os remédios, que eu extraio das raízes
Pela mulher, filhos e netos, meus verdadeiros amores
Sou feliz demais aqui meu Deus, no vale dos beija-flores